Vento, água, montanha. Talvez até fogo. Ar, muito ar, espaços que se tornam livres, despojados de representação do que é visível, e é do invisível, do sonho que surge o seu sentido, ou antes múltiplos sentidos. São interpretações desses lugares que habitam a cartografia imaginária de Teresa Gonçalves Lobo, um atlas que a cada sua exposição espera por uma nova existência. Talvez tenhamos que fechar os olhos para os ver nascer. As linhas, sempre ascendentes, que amiúde se sobrepõem, acentuando o simbolismo do gesto, trazem-nos os cumes das montanhas, o voo de uma andorinha, que não fazendo a Primavera, nos traz o seu espírito, vigorosas na terra as canas, se calhar de açúcar, ou não fossem madeirenses as origens da artista, o vento que passa por entre a paisagem. As linhas, este imenso léxico de Teresa Gonçalves Lobo, falam-nos, aqui, de leveza, da leveza que nos chega quando fechamos os olhos. Vêm da leveza do sonho, aquele que “comanda a vida”.
A inauguração está integrada na 9ª edição do Bairro das Artes — A rentrée cultural da sétima colina de Lisboa.