Há uma folha de papel que pousa, esperando, no chão. Há uma gota de tinta que cai e que, num gesto de action painting, em vez de marcar apenas o papel, revela o que está por baixo do mesmo. São as folhas, os troncos, as texturas de “um chão que ela pisa”. Ao primeiro instante em que a tinta se espalha e absorve a matéria orgânica que a acolhe, Marta Ubach encontra não só a natureza, esse lugar de silêncios a que tantas vezes recorre, como se depara, num jogo de acasos e de surpresas, com as personagens do seu universo pictórico. Elas surgem por vontade própria, vindas da sobreposição de uma folha de roseira com um tronco de carvalho, a lembrar as histórias que encontramos quando vemos, despreocupadamente, por mero ócio, as nuvens no céu. Ou quando pousamos o olhar sobre a terra. É esta acção que desencadeou o processo criativo que Marta Ubach nos traz a esta exposição. Folhas de papel prensadas, em diversas camadas, que, registando a existência da paisagem, constroem outras estórias onde se encontram as personagens que habitam o seu território. Aquelas, que como diz , Marta Ubach: «Não sei quem são, mas são os de sempre.»
Teest PT