Na “República” de Platão diz-se a determinada altura: “seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas ele mesmo, no seu lugar”, nesta que é a jornada peripatética que Rui Horta Pereira nos propõe com estes seus desenhos de larga escala. Como que caminhando ao ar livre, ouvindo os ensinamentos de Aristóteles, uma luz reflete uma imagem que se transforma numa outra realidade. Afinal, há quem (ainda assim) prefira ver o real que uma sombra que o espaço projecte.
Neste primeiro caminho desta jornada peripatética, «Território translúcido» apresenta quatro novos desenhos que dialogarão, no espaço expositivo, com as esculturas que são uma (outra) derivação da matriz original, num jogo que, tendo a luz como ponto de partida, nos interpela sobre o lugar do desenho e da escultura.