Salgadeiras Arte Contemporary apresenta, na Photo London 2024, a proposta curatorial «Skin: memory and impression» com obras de Augusto Brázio, Cláudio Garrudo e Inês d’Orey, três fotógrafos contemporâneos portugueses que exploram o assunto da pele como uma impressão e como um lugar de memória, com diferentes abordagens de forte cariz poético.
A pele como fronteira entre o que mostrar e o que ocultar, como nas imagens de Augusto Brázio. Ele apresenta a série “BANG”, um registo a preto e branco onde o implícito e o explícito se cruzam, e histórias de pessoas e lugares são construídas em tensão paradoxal, por vezes revelando e por vezes ocultando o desfecho do que se acredita ser contado.
A pele como metáfora para revelar o tempo, como na série “Sarkis” de Cláudio Garrudo. Ele apresenta o inverso dos desenhos de modelo, trabalhados pelo tempo, onde alguns fluidos e pigmentos se infiltraram no papel a diferentes velocidades. Como em qualquer processo fotográfico, o tempo revela outros objetos, os versos tornam-se frentes, e estes transformam-se em reversos.
A pele como memória de um território, como nas caixas de luz de Inês d’Orey. Há uma espécie de suspensão do tempo num lugar em mutação, repositório de uma “patina” que parece cristalizar esse momento de ausência temporária da presença humana. Vislumbramos, portanto, que estes são lugares habitados, ou melhor, vividos, pisados, num tempo que se reinicia, dando início à história. — Ana Matos in Folha de Sala