Ao longo de quase 30 anos de actividade artística, Ilda Reis produziu uma centena de gravuras e serigrafias, actualmente em depósito na Biblioteca Nacional de Portugal, que marcaram profundamente a Gravura Portuguesa Contemporânea. Desde o início dos anos 70 as suas formas orgânicas, o uso que fazia da cor, do verde esmeralda ao vermelho escarlate, o gesto incisivo e expressivo que incutia nas suas matrizes, fossem de metal ou madeira, tornaram-na uma referência incontornável no panorama da Arte Gravada em Portugal. Como refere Fernando de Azevedo num dos catálogos da artista: «Nunca nenhuma [gravura] alguma vez deixou de ter esse empenho que exterioriza e interioriza essa força incontível que é por um lado o esforço e jeito do braço, exactamente, é, por outro, a força do espírito que é outra força ainda maior. Não existe arte da gravura possível sem o concerto destas duas forças de que o papel, a prova, nem sempre testemunha a dimensão reconhecível. Este aspecto, esta espécie de rosto do trabalho, reconhece-se, está reflectido, nas gravuras de Ilda Reis quase como se por ele se determinasse a morfologia que as distingue das outras.»
Passados 10 anos desde o seu falecimento, é apresentada na Biblioteca Nacional uma retrospectiva da obra gráfica de Ilda Reis e que conta com as gravuras e serigrafias mais representativas da sua actividade artística.
Ao todo serão expostas 60 gravuras organizadas de forma temática proporcionado, assim, ao visitante uma melhor leitura do universo de Ilda Reis, cuja enorme consistência e qualidade artísticas poderão ser reconhecidas nesta exposição. Os seus «tempos de vida», as líricas de Camões, os poemas de Pessoa, o monocromático puro, a explosão da cor, os retratos, são, entre outros, alguns dos temas apresentados nesta exposição. Paralelamente, estarão presentes, elementos documentais relacionados com a sua actividade artística como catálogos, matrizes e utensílios de gravura, fotografias de época, e projecção de um video.