Nesta sua primeira individual na Galeria das Salgadeiras, João Borges recupera a Abstração como questão central nas 15 telas apresentadas nesta exposição. A abstração não é, contudo, um terreno inédito e desconhecido deste artista, antes pelo contrário: mesmo nas suas obras mais “figurativas”, há sempre um caractér abstracto no seu sentido mais lato. Como diz Mel Gooding, em “Arte Abstracta” editado em Portugal pela Editorial Presença, “Toda a arte é abstracta” e no caso de João Borges é sempre de abstração que se trata.
Paralelamente, esta mostra de acrílico traz-nos outro elemento muito característico no trabalho deste artista: a Cor. Em “Abstracto Zero” as cores surgem maduras e seguras da sua importância, mas simultaneamente difusas como se de um nevoeiro matinal se tratasse. Cores e formas misturam-se, desconstroem-se, completam-se, esbatem-se mutuamente trazendo até nós a pintura de João Borges.