Para a 31ª edição da ArteSantander, a Galeria das Salgadeiras apresenta o projecto “SOL” de Rui Horta Pereira com as séries “Baixa intensidade”, “Fresta”, “Livro sombra” e “Sol fino”. Apresentadas pela primeira vez em conjunto, são o resultado de uma estratégia criativa e processual que Rui Horta Pereira tem vindo a desenvolver onde o sol é usado como ferramenta. É através da incidência lenta e prolongada da luz solar que o desenho é revelado, criando linhas e formas, luz e sombra. Como diz José Gómez Molina, em “Las lecciones del dibujo”, “la esencia del dibujo será la fabricación del objecto mediante su negación, mediante la sombra, la ocultación de la luz en el trazo.”

“É o sol – metáfora insondável para o tempo que foge – que os resgata da sua materialidade perecível. É o sol que os liberta do capital. O sol deixa a sua impressão nestes papéis voluntariamente esquecidos e entregues ao cuidado da natureza, para neles marcar as suas hesitações, os seus recuos, as suas distracções. O sol deixa a sua impressão – sem mão – nestes papéis revelando o que neles há de libertação. A sua sombra. Que nunca nunca poderemos agarrar e vender. Estas obras tornam-se assim uma performance accionada pelo tempo e que nele desaparecem. Não serão jamais aprisionadas e jamais trairão a sua ontologia. Livres, imprevisíveis, indomadas, criarão a sua própria ontologia. A sua ontologia de sombra.” — Rui Pina Coelho in “A performance do tempo: a ontologia da sombra”

Imagem: “#5 Baixa intensidade”. Desenho: luz solar sobre cartolina preta. 100 x 70 cm. 2021.