Em “As fábulas de La Fontaine” encontramos a moral, uma espécie de lição a retirar de uma determinada situação. Já as histórias de encantar sempre terminam com o “happy end” para toda a eternidade. Quando se contam histórias, sabemos bem que estas irão terminar pela vontade do seu narrador ou criador, afinal “vitória, vitória, acabou-se a história”. Com Daniela Krtsch há uma narrativa subjacente que das profundezas vem à tona, imergindo ou revelando estas figuras, ambíguas na sua condição e género. Chegam de algum lado ou para outro partem? Escondem algum segredo, ou levam da vida essa plena liberdade?
Daquele negro que não é cor pura, antes a agregação manual de pigmentos variados, Daniela Krtsch sugere caminhos ficcionados, dá-nos o mote, diz-nos “Take me to the dawn”. Essas possibilidades de futuros, plurais, múltiplos, são amorais no sentido em que são desprovidas de moral, têm a sua madrugada, ou não fosse esta, no sentido figurado, o começo de alguma coisa, porém não têm final. Estão suspensas. Na verdade, Daniela Krtsch não é uma contadora de estórias, nós é que somos.